MESAS DOS DISCENTES - 05/04/2021

 



MESAS DOS DISCENTES

05/04/2021

MESA 1 –  Filosofia Antiga I (10:00 - 12:00)


Coordenador: Mariane Oliveira

PAULO GERMANO MARMORATO (USP) 

Orientação: Evan Keeling

E-mail: pgmarmorato@yahoo.com.br

DOR, MEDO E CORAGEM NA ÉTICA NICOMAQUÉIA

Na Ética Nicomaquéia Aristóteles concebe a coragem como uma virtude de caráter, cultivada através de um complexo equilíbrio entre duas paixões, o medo e a confiança.  Afirma o Estagirita que “se as virtudes dizem respeito a ações e paixões, e cada ação e paixão é acompanhada de prazer ou de dor, também por este motivo a virtude se relacionará com prazeres e dores”. Dentre as paixões envolvidas na coragem, o medo tem papel preponderante, pois é suscitado por situações em que existe risco de dor, e é o seu enfrentamento que a caracteriza.  Ainda assim, o corajoso sente satisfação neste ato, mesmo que no limite ele incorra na sua morte. Os determinantes desta satisfação devem ser esclarecidos. Este estudo procura examinar como as paixões se relacionam com a dor e o prazer naquela que acreditamos ser a mais exigente das virtudes.

Palavras-chave: Virtudes; Coragem; Paixões; Aristóteles; Ética.

VITOR CÉSAR BENTES DA COSTA FERREIRA (UFAM) 

Orientação: Nelson Matos de Noronha

Financiamento: FAPEAM

E-mail: vitorvaldez127@gmail.com.br

GOVERNOS DA CIDADE E DA ALMA: FUNDAMENTOS DA ÉTICA PLATÔNICA NA REPÚBLICA

Partindo de pesquisa exploratória, objetivamos identificar como a ética platônica se anuncia na cidade justa; e clarificar o modo como virtude e vício são protagonizados na alma da República. Assim, no debate socrático, os guardas da cidade justa, moderados e temperantes, têm como máxima o bem da cidade como um todo. Ocorre que, mediante as virtudes, vai-se do governo da cidade para o governo da alma, apontando a harmonia nesta e naquela, com relações de domínio e subordinação, em que diferenças trabalham juntas e fazem com que a vida virtuosa seja assimilada à saúde, à beleza e ao bem-estar, e o viver vicioso, à doença, à feiura e à debilidade. Com isso, a ética na República defende a transcendência, na procura pelo bem maior. A felicidade própria depende das relações com o outro e enseja o envolvimento entre opostos, na integridade entre partes e o todo, quer na cidade, quer na alma.

Palavras-chave: Doutrina platônica; Ética; Virtude.

VITÓRIA ALEXANDRA SILVA DA SILVA (UFPA) 

Orientação: Jovelina Maria Ramos de Souza

Financiamento: PROPESP

E-mail: vialex.ufpa@gmail.com

MAGIA, METAMORFOSE E PERSUASÃO: A TRANSGRESSÃO RETÓRICA DE MEDÉIA

É inquestionável a habilidade retórica de Medeia, seja em ludibriar Creonte ao lhe pedir mais um dia para ser enviada ao exílio, seja por dissuadir Jasão a pedir a revisão do edito de seus filhos. É por essa via que seus planos incendiários e sanguinolentos são postos em prática para ferir a Jasão por abandonar os seus. A personagem Euripidiana é apresentada com traços que encantam, não apenas por meio da magia, mas também pela palavra, o que a põe, portanto, no espaço do mundo antigo que narra desmedidas das personagens femininas, dentre as quais se pode destacar, Electra, Lisístrata e Clitemnestra. Suas ações marcadas pela intensa oralidade e estratégias insidiosas. É acerca da posição de Medeia como mulher, estrangeira e feiticeira, que se pretende discutir no presente artigo, atribuindo tal habilidade como duplo de sua barbaridade.

Palavras-chave: Dissimulação; Oralidade; Persuasão. 

MESA 2 –  Filosofia Moderna e Natureza (10:00 - 12:00)

Coordenador: Beatriz Laporta

BRUNO OBERLANDER ERBELLA (USP) 

Orientação: Pedro Paulo Garrido Pimenta

Financiamento: FNDE

E-mail: brunoerbella@hotmail.com

O LUGAR TRANSCENDENTAL DO ORGANISMO

O projeto se centra no conceito de organismo da terceira crítica de Kant. Para encontrar uma interpretação unitária e coerente deste objeto, mobiliza-se tanto a gama de comentários sobre este tema em Kant quanto textos de historiografia intelectual da História Natural/Biologia concernente ao período de atividade do filósofo. O caminho escolhido para nossa investigação parte da compreensão da antinomia da máxima teleológica, núcleo de nosso texto principal, segundo a topologia geral da resolução das antinomias kantianas. Isto nos orienta para resolução de dois problemas principais: “como funciona a linguagem analógica que serve de registro para as discussões kantianas do organismo e como ela se diferencia do esquematismo do entendimento da Crítica da razão pura?”; “como o texto kantiano enriquece, e é enriquecido por, determinados conceitos em debate na História Natural de sua época?"

Palavras-chave: Kant; Organismo; História Natural; Crítica da Faculdade de Julgar.

DANIELLY LIMA DOS SANTOS (UNESP) 

Orientação: Ana Maria Portich

Financiamento: FAPESP

E-mail: danielly.santos@unesp.br

DIDEROT E A NOÇÃO DE SISTEMA

Elisabeth de Fontenay compara Diderot a um rio. Maria das Graças de Souza escreve que sim, Diderot pode ser como um rio, mas há no movimento das águas desse rio uma corrente que perpassa toda a sua obra. Esta é o materialismo diderotiano. Os textos de Diderot podem ser tomados como um sistema cujo axioma é o materialismo. Contudo, Diderot apresenta a tese materialista por meio de diversos gêneros de escrita, o que confere a sua obra um caráter móvel, instável, semelhante à própria natureza. Parece, então, que Diderot recusa qualquer noção de sistema. Entretanto, os gêneros de escrita empregados por ele foram a maneira que ele encontrou de afastar-se do espírito de sistema, mesmo não abandonando o espírito sistemático. Nesta exposição objetivamos indicar a noção de sistema que Diderot utilizou para elaborar sua obra.

Palavras-chave: Diderot; Materialismo; Sistema; Iluminismo.

GABRIEL VON PRATA LAZARO (UNESP) 

Orientação: Ricardo Monteagudo 

Financiamento: FAPESP

E-mail: von.prata@unesp.br

ENTRE ROUSSEAU E CONDILLAC: UMA ANÁLISE SOBRE A RAZÃO DOS ANIMAIS

O presente trabalho tem por objetivo analisar a razão dos animais a partir dos escritos de Rousseau e Condillac. Esta análise pretende, sobretudo, diferenciar os seres humanos dos outros animais. Haja vista que Rousseau é devedor da filosofia de Condillac, mas seus respectivos objetivos são diferentes. Assim, o presente artigo busca evidenciar, sobre este determinado tema, as diferenças e semelhanças entre os autores. Metodologicamente, o presente artigo baseia-se, principalmente, na análise do Discurso sobre a desigualdade de Rousseau, bem como na análise do Ensaio sobre a origem dos conhecimentos humanos de Condillac. (Agradeço à FAPESP [Protocolo - 2020/04674-0] pelo financiamento da pesquisa).

Palavras-chave: Rousseau; Condillac; Razão dos animais.

MESA 3 –  Ética e Filosofia Política (10:00 - 12:00)

Coordenador: Jéssica Omena

ANA FLÁVIA ROSSI (UEL) 

Orientação: Charles Feldhaus

E-mail: anaflaviarossi2@gmail.com

IMUNIDADE CIVIL E ISENÇÃO DE EMERGÊNCIA SUPREMA

Na obra O Direito dos Povos, John Rawls traz como estritamente necessária a distinção entre líderes, funcionários, soldados e população civil nos chamados Estados fora da lei, vez que, em se tratando de uma sociedade não bem-ordenada, os membros civis não podem ser responsabilizados pela guerra, iniciada e organizada pelos líderes estatais. Assim é que aos civis se confere um status de imunidade, impedindo que sejam atacados diretamente no contexto bélico; todavia, tal limite imposto às condutas adotadas durante a guerra pode ser ultrapassado nas situações de isenção de emergência suprema, em que a posição estrita dos civis pode ser colocada de lado diante da certeza de que a ação trará, certamente, um ganho substancial ao conflito, como, por exemplo, seu término. Como exemplo, o autor traz a questão dos bombardeiros britânicos às cidades alemãs de Hamburgo e Berlim, entre 1940 e 1942. 

Palavras-chave: Filosofia Política; John Rawls; Imunidade Civil; Isenção de Emergência Suprema.

DANIELA RIGOTTO CARNEIRO (UEL) 

Orientação: Andrea Faggion

E-mail: rigottodaniela@gmail.com

O PROBLEMA DA OBRIGAÇÃO JURÍDICA EM H. L. A. HART

O filósofo analítico inglês H. L. A. Hart (1907-1992), um dos mais importantes autores da história da teoria geral do direito, teve como um dos principais objetivos de sua obra o desenvolvimento de um conceito de obrigação jurídica que não fosse reducionista como julgava ser o dos pioneiros da teoria imperativa do direito Jeremy Bentham (1748-1832) e John Austin (1790-1859). Por outro lado, Hart também pretendia que seu conceito de obrigação jurídica fosse consistente com um projeto positivista de compreensão do direito, evitando a fusão da obrigação jurídica com a obrigação moral, o que seria típico de um projeto filosófico jusnaturalista. Diante disso, este trabalho pretende demonstrar como Hart desenvolve esse conceito e o quão feliz ele foi em sua empreitada. Para isso, recorreu-se ao estudo de obras do próprio Hart, de Joseph Raz (1939-) e de Matthew Kramer (1959-).

Palavras-chave: Direito; Positivismo; Obrigação jurídica.

DEIVER VINÍCIUS DE MELO (UFSJ)

Orientação: Rogério Antonio Picoli

Financiamento: FNDE

E-mail: deiver.melo@hotmail.com

REALISMO MORAL SEM METAFÍSICA

É possível defender um realismo moral que não acarrete implicações metafísicas indesejáveis? Este é a pergunta normalmente direcionada a qualquer realista, baseada especialmente na objeção formulada por John Mackie do argumento da estranheza. Segundo este, se juízos morais são irredutíveis e, consequentemente, têm existência própria, isso implicaria a existência de entidades que não condizem com a visão científica de mundo, além de trazer um problema sobre como alguém poderia conhecer tais entidades. Nesse sentido, Thomas Scanlon tenta responder a essa objeção com a noção de fundamentalismo de razões, isto é, a ideia de que razões para a ação são irredutíveis e que não há qualquer questão metafísica complicadora neste caso. Partindo da ideia de razões como justificativa perante outros e de uma visão contratualista, perguntamos se Scanlon tem sucesso em sua defesa realista.

Palavras-chave: Metaética; Realismo; Razões; Scanlon; Mackie.

RAONY MAURILIO SALVADOR ALVES (UFMG) 

Orientação: Eduardo Soares Neves Silva 

Financiamento: FNDE

E-mail: raonymsalves@gmail.com

ESFERA PÚBLICA E DEMOCRACIA DELIBERATIVA

Considerada a importância do conceito de esfera pública para a teoria social e crítica,  junto ao amplo escopo em que se dá  a emergência da modernidade em relação a um novo público de pessoas privadas que discutem mediante razões, a presente comunicação busca apresentar o problema da legitimidade a partir da categoria de esfera pública na obra do filósofo alemão Jurgen Habermas. Desse modo, no contexto de uma diferenciação crescente das esferas de valores nas sociedades pós-tradicionais e do conflito permanente entre as diferentes concepções de vida boa, objetiva-se abordar o problema da integração social na relação que se forja entre sociedade civil e Estado à luz da categoria de esfera pública e, em seguida, sua importância para compressão do modelo de democracia deliberativa de corte discursivo. 

Palavras-chave: Esfera pública; Modernidade; Legitimidade; Democracia.

MESA 4 –  Estética Contemporânea (10:00 - 12:00)

Coordenador: Giulia Schliper Tessitore


JÚLIA FERREIRA REIS (UNESP) 

Orientação: Pedro Geraldo Aparecido Novelli

E-mail: julabandeira@hotmail.com

A IMPORTÂNCIA DA FORMA DO ENSAIO PARA A ELABORAÇÃO DA LEBENSPHILOSOPHIE DO JOVEM LUKÁCS EM A ALMA E AS FORMAS

Em 1910, Georg Lukács finalizava os trabalhos da obra A alma e as formas e se perguntava se os textos que ele fizera, abordando a problemática da relação entre forma e vida na modernidade, poderiam de algum modo constituir uma unidade, já que, embora contenham as mesmas preocupações e problemáticas, seus ensaios não continham necessariamente teses seqüenciais e, portanto, sua unidade não estava precisamente ligada apenas ao que ele defendia nos textos em relação a essas questões, mas à forma que ele utilizara na sua elaboração: a forma do ensaio. Para o jovem Lukács, o ensaio é uma forma que é feita a partir de um experimento que o autor tem de si mesmo, nesse sentido esse trabalho busca compreender qual o papel e a importância dessa concepção da forma do ensaio na construção da Lebensphilosophie (Filosofia da vida) do jovem Lukács.

Palavras-chave: Jovem Lukács; Modernidade; Lebensphilosophie; Forma; Vida.

RODRIGO MORTARA ALMEIDA (USP) 

Orientação: Ricardo Fabbrini

Financiamento: CNPQ

E-mail: romortara@usp.br

OS PROBLEMAS DA FORMAÇÃO EM 'O ADOLESCENTE' DE DOSTOIEVSKI


O romance O Adolescente (1875) de Dostoievski, por vezes considerado o Bildungsroman de sua obra, narra em primeira pessoa a estadia do jovem Arkadi Dolgoruki em S. Petesburgo, que retorna à casa dos pais depois de finalizar seus estudos.

Arkadi chega à cidade com um objetivo claro – tornar-se um Rotschild; e, para isso, propõe-se a seguir à risca o método que desenvolveu, um conjunto de preceitos que compõem uma filosofia do dinheiro.

Em nossa apresentação, tentaremos compreender como o conflito central do romance – o choque entre essa filosofia do dinheiro e a sociedade russa do final do XIX – se liga com as inovações formais dos romances Dostoievskianos e faz com que O Adolescente ocupe um lugar único entre os romances de “formação” e “desilusão” do XIX; sem esquecer, também, de situá-lo entre os debates dos populistas russos que ecoam na obra e com os quais ela dialoga diretamente.

Palavras-chave: Formação, Dostoievski, Literatura, Rússia.

WESLEY FERNANDO RODRIGUES DE SOUSA (UFSJ) 

Orientação: Fábio de Barros Silva

E-mail: wesleysousa666@outlook.com

A “PARTICULARIDADE” COMO CATEGORIA ESTÉTICA EM GYÖRGY LUKÁCS

O intento do breve artigo ancora-se nos escritos de György Lukács, em especial, em sua obra de maturidade, levando à discussão da categoria da particularidade na esfera estética. O ponto central é demonstrar de que maneira o nexo categorial do filósofo é contributivo, não apenas como substrato teórico construído dentro do campo da estética, mas sobretudo como reflexão a práxis humana artística frente à vida cotidiana dos seres humanos. Essa argumentação, em suma, permite explorar a hipótese de uma “estética marxista”, a qual desde antes de sua Estética o autor procurou justificar.

Palavras-chave: Lukács; Estética; literatura; particularidade; realismo.


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